coisas de metrópole

Dois textos de Cunca Bocayuva, pelo Facebook
Mensagem em movimento: por uma vida sem catracas.

Car@s amig@s, sem tentar tecer considerações sobre o óbvio acho que podemos sair em defesa do protesto social no Rio de Janeiro, em Paris ou em Istambul. Distintas razões estão levando ao protesto social a primeira geração global pós-neoliberal e pós-internet. Uma grande resistência começa a ser criada para fazer frente ao processo distópico, de destruição programada dos direitos econômicos, sociais e culturais. Vemos hoje os primeiros ensaios de uma convergência e interação de vozes e corpos, que se manifestam pelas redes e nas cidades. A primeira geração criada em meio ao ritmo da transnacionalização e do ciberespaço, só tem a memória da crise orgânica permanente, só viu a fragmentação e a mercantilização da vida cotidiana, sob o império do espetáculo financeiro e do endividamento crônico. Navegando nos sonhos do crediário, entre a política do medo e o atordoamento derivado dos fluxos de objetos e mensagens, sob o impulso dos processos de precarização. Mas a geração XXI (pós anos noventa) vai encontrando e reinventando sua forma de agir coletivo, de criar espaço público de fazer convergir a vontade de mudança. Nas ruas e praças já se somam outros movimentos, que questionam os modos de governar as cidades e segregar as pessoas impondo o mimetismo globalista do mundo do capital. Questionando sem perda do sentido concreto e direto das questões colocadas recuperando temas, vozes e esperanças que foram sendo destituídas em nome de novas personas, novas roupagens e vendas de ilusão . O tema da revolução das prioridades e das novas ecologias ganhou as ruas novamente em meio ao hibridismo de um ator que busca uma outra forma de comunicação política, que faz o contra-espetáculo. O movimento de grupos moleculares que lida com os vários planos de luta, que junta a demanda do direito à cidade, a partir da questão da mobilidade urbana, ao direito ao tempo livre, ao espaço público para uma circulação e mobilidade democrática e produtiva. A conexão virtual se projeta na demanda por espaços verdadeiramente públicos, gerando outras políticas e novos espaços onde o global depende da autonomia e do respeito pelo local. A cidade precisa ser governada na escala humana. Numa perspectiva em que os indicadores são definidos pelos critérios reais de acesso e usufruto ao bem estar, onde os bens são públicos, onde as liberdades e direitos privados são garantidas para tod@s a partir da valorização do espaço comum. No transporte e na informação a política da comunicação de uma outra mensagem parece estar sintetizada no valor de um movimento singular sobre a elevação abusiva das tarifas, cuja proposta gerou os encadeamentos e o vetor universalizador da demenda por democracia econômica. No texto do Movimento Passe Livre se escreve a demanda de luta "por uma vida sem catracas". Basta lembrar que a boa utopia é sempre tópica, situada, se define pela mensagem voltada para o potencial de produzir experiências, de conectar idéias, sugere um caminho programático com base na sua autonomia quanto aos poderes dominantes. A sua legitimidade política deriva da simplicidade da questão colocada, que tem a profundidade dos desafios de uma outra forma de governar, de definir novas prioridades. O horizonte dos novos movimentos é multiplex, é de remix, é de recombinação de práticas que articulam vetores capazes de gerar tecnologias de organização e inovação social. Escrevo essa nota porque recebi notícias de outros recantos do mundo, que recuperam por todo os recantos a máxima abandonada por Obama do "yes we can". Já que, para a velha pergunta do "que fazer" a resposta será sempre singular mas contribuirá para o potencial universal do direito a ter direitos. Sabemos desde a luta contra o fascismo e as ditaduras o quanto é importante desanaturalizar as decisões que encobrem o lugar real, questionar o domínio das falsas necessidades e a produção e bloqueio dos direitos. Os que criam os cenários da especulação e da inflação deslocam o foco das questões e das batalhas que são prioritárias em nome de suas urgências voltadas para gerar confiabiança para os chamados grandes investidores. Na ótica das grande capital somos parte dos que apequenam os debates sobre as questões centrais da economia, "por questões de centavos". Isso tudo, ao mesmo tempo em que reafirmam suas opções ditadas pela racionalidade burocrática ou de perfil mercantil-capitalista através de grandes aparatos de comunicação, de especialistas, jurídicos e repressivos. "Nunca diga isso é natural" dizia o grande dramaturgo alemão, nessa pegada a geração XXI e o MPL nos coloca diante da necessidade de repensarmos a vida sem catracas. As conjunturas locais e as culturas são distintas na Tunísia, na Espanha, na Grécia, nos EUA, ou aqui, mas a sensibilidade e a emergência da política de redes é um bom momento para oxigenar nossa vida social e intelectual, pondo em questão a manipulação fetichista do espetáculo da ditadura economicista e da economia do endividamento. Seguindo os passos e os questionamentos sugeridos por Karl Polanyi, já que é possível colocar no centro da cena um programa e uma política que combinem a centralidade do social entrelaçada com a ampliação da democracia. Que tal começar pelos transportes? Que tal lidar com a questão em pauta como um novo começo nas práticas de governo? Que tal ouvir outras vozes para mudar a vida? Que tal não tornar o despertar e a sensibilidade da nova geração um pretexto para impor a ordem de um fascismo social? Evitar as formas de dominação que na falta de fazer avançar a democracia governam pela segregação e eliminação dos outros. Agora podemos compreender o valor dos que evitam participar do projeto que combina o poder de "matrix" com a fabricação de zumbis. Melhor seria a aposta na mensagem do MPL, cuja clareza expressa em texto combina identidade com a construção de valores. Falando na primeira pessoa, não conheço as pessoas mas admiro desde a muito o Movimento Pelo Passe Livre, acredito que muitos dos avanços e dos questionamentos por eles gerados já vem produzindo resultados inportantes no questionamento de uma política anti-popular. Parece estar se aproximando a hora de construção elos horizontais entre os grupos sociais que advogam programas de democratização real, de construção social e pública. O que depende do reforço de mensagens que interessam ao bem comum. De modo a abrir caminhos para questionamentos necessários e urgentes que já foram colocados em propostas existentes, como as aprovadas nas diferentes conferências de políticas públicas, mas que ainda não se tornaram objeto de um programa de governo voltado para os diretos de tod@s.

Segunda mensagem sobre os movimentos.
O direito a ter direitos e a democracia brasileira
Car@s amig@s, passo da impressão da mensagem anterior para uma tomada de posição. Nesse mensagem escrevo como os surrealistas, acabo sendo adepto da escrita rápida, onde a imaginação, o desejo e o fluxo da escrita podem se conectar com a ritmo da ação. Onde os cacos da história e das memórias pessoais e coletivas podem se relacionar com a construção discursiva de valores guias. Onde o silencio dos vencidos se coloca como desafio para pensar a modernidade. O estilo benjaminiano do contrapelo, e lefebvreano dos futuros possíveis se faz ao ritmo das máquinas moleculares e rizomáticas movidas pelas diferentes formas de produzir e agir dos jovens. Animado pela construção das redes sociais me sinto comprometido em fazer a colagem e o resgate da questão política da verdadeira revolução democrática no Brasil, do que Milton Santos chamou de necessidade de construção de um novo modelo cívico, com base num novo federalismo, abrindo a era popular em substituição ao determinismo tecnológico, mas com base na combinação entre os “homens lentos e as novas tecnologias”. Aposto na nova relação entre poder e forma técnica a partir da presença das narrativas da juventude e das periferias como na reflexão sobre cotidiano e ação coletiva, entre contra-narrativas e contra-espetáculos onde nos faz falta a visão antropológica e a construção das cartografias e mapas que nos propunha Ana Clara Torres Ribeiro. A sociologia crítica do presente serve de base teórica para lidarmos e pensarmos sobre a nova conjuntura de emergências. Precisamos conectar com os sentidos ausentes, ocultos e silenciados do debate público com a força da memória das lutas. Será que a questão da criação de direitos pode ser o tema guia do processo histórico descontínuo da luta entre democracia e autoritarismo no Brasil? Será que poderemos romper com a chamada “República Institucional” de que falava o Mestre Florestan Fernandes, isto é, trabalhar pela superação das tutelas oligárquica, imperialista, burocrática, policial-militar na perspectiva da nova democracia brasileira? Certamente a luta será prolongada quando se trata de construções institucionais e formas persistentes de reprodução do poder de classe, de grupos e de pessoas, mas a nova geografia das lutas sugere uma retomada do tema da cidade, da polis, dos conselhos e da democracia direta, na chave da ampliação dos direitos. No eixo da ampliação da democracia participativa inscrita na nossa constituição, assim como, na questão do acesso à justiça e do fim da impunidade, sem necessariamente aderir ao processo obtuso do encarceramento e do recrudescimento das penas como solução para uma banalização da violência que se baseia numa completa ausência de políticas, nas desigualdades e na cultura do medo, em particular na crueldade sobre o corpo da juventude não-branca e das periferias (vide o abandono do tema do serviço civil voluntário e os recuos na política pontos de cultura, etc) .
O tema de qual democracia e das reformas sociais de base surgiu na década de 60 reapareceu nas lutas de resistência nos anos setenta e se tornou política alternativa de massas nos oitenta, mas foi desarticulado pela recomposição social e técnica, pela força política da reestruturação capitalista neoliberal global nos anos noventa. Mas no novo século cabe refazer a pergunta sobre os limites e a possibilidade do agir coletivo e da cidadania na megacidade. Será que a política de construção da democracia pode retornar na chave da era das redes, do global e da megacidade? Será que podemos ligar a politização atual com a dinâmica constituinte da democracia como valor universal, (segundo Carlos Nélson Coutinho), gerado nas lutas por direitos dos povos, dos grupos e das pessoas? Será que o artigo 6 e o direito à cidade podem unificar valores e sentidos para orientar o debate coletivo sobre a plataforma, a linguagem e o programa do movimento geral que parte da ideia de luta pela vida sem catracas? Será que uma agenda afirmativa e conflitiva pode abrir caminho para superar a cultura da violência e do medo por uma cultura de direitos? Qual ideologia e qual política pode ser a forma do partido em rede de movimentos e das tribos da geração XXI para que a periferia se torne centro, para que o direito à cidade seja a chave da crítica às falsas necessidades e ao medo do outro? Um corpo monstruoso de potências de mudança só é pacífico quando a festa se abre para todos, quando o acesso prevalece e o futuro começa com a nova política e governo da cidade. Como mudar a agenda e qual a lógica do “sem medo de ser feliz” promovendo o avanço sustentável sem retrocessos e sem conciliação de uma política de democracia ampliada?
A política em tom maior dos direitos parece ser o caminho. O programa parece ser o que está inscrito no artigo 6. Mas a forma e o ritmo serão ditados pelos efeitos e pesos de um bloco social fortalecido pelas redes, na medida em que essas possam dar o passo de coordenação das forças em movimento com reforço da auto-organização. O movimento de construção da plataforma e de avanço na cultura política já se beneficia de um grande impulso e potencial de mudança, onde a forma e o conteúdo, os meios e os fins seguem uma mesmo filão de valorização da ética da radicalidade democrática.
Notas preliminares sobre os deslocamentos e significados produzidos pelos novos movimentos, na conjuntura inaugurada pela luta contra o aumento das tarifas e contra as diretrizes urbanas orientadas pela agenda globalista.
1. No Brasil o principal derrotado é o modelo de gestão neoliberal-autoritário das cidades. O padrão empresarial e o city marketing assim como a política voltada para a atração do capital internacional gerou segregação, desperdício, destituição e desconfiança.
2. A questão da democracia participativa, do bom governo nas cidades e da revolução nas prioridades torna óbvia a necessidade de um novo urbanismo.
3. Os temas do artigo 6 da Constituição de 1988 aparecem no centro da plataformas de lutas.
4. A ciberpolítica e a ciberdemocracia se relacionam com a constituição do espaço público, a mobilização e a ocupação das ruas sugere a ideia de uma cidade para as pessoas.
5. A periferia vai ao centro e a explosividade e a violência real e simbólica se apresenta como um dos desafios do contra-espetáculo, o que coloca dilemas para os agentes e discursos da ordem e para a auto-organização da multidão, posto que define parte das questões éticas ligadas a uma superação da cultura do medo e do fascismo social.
6. A questão é a da politização de da cultura de direitos versus o autoritarismo, a alienação e a segregação. A autonomia e a autogestão são concepções que se fortalecem, já que a era das redes coloca instrumentos técnicos e organizativos poderosos para avançar na direção de uma outra economia, de outra articulação entre a distribuição dos recursos, formas de poder, formas de propriedade e modos de implementação das políticas públicas.
7. Os direitos econômicos, sociais e culturais são condição para o acesso ao trabalho, à renda e à política, se articulam com a perspectiva de uma sociedade do conhecimento, do tempo livre e do bem comum, interligando novas formas de reprodução que barram a espoliação territorial e a financeirização e formam novos paradigmas para os desafios ecológicos.
8. A mediação, negociação e politização dependem do grau em que se explicita o conflito através de plataformas afirmativas e propositivas amplamente debatidas nas novas esferas públicas.
9. A crise orgânica global, dos padrões de produção e consumo, apresenta um grau de violência que se projeta no endividamento e na exclusão sócio-espacial. A questão subjetiva e a constituição do capital simbólico alternativo tem grande peso na conformação dos modos de ação. O protesto social transborda na razão inversa das chamadas pseudo políticas, dos factóides e das falsas necessidades, seus limites e formas podem se redefinir na medida em que se reforça a cultura de direitos.
10. Entre a estética e a ética a política é ação direta em disputa, são muitas as faces e muitas as alianças que podem nascer da diversidade não consensual dos vários afluentes, corpos e mentes que emergem na cena pública. Os sujeitos moleculares atuam por enunciação, por performance, por espetáculo . O monstro da democracia neutraliza parcialmente o Leviatã, ganhando contornos de força moral. A força constituinte se manifesta quando se elevam patamares novos de vida comum, de construção pública. Só a coordenação auto-organizada das lutas definirá os contornos de um tipo de programa cujo elo mais fino de liberdade e igualdade segue o filão da mobilidade, do acesso e do direito à cidade. Esse direito se articula desde a luta do passe livre, como força que conecta gerações, grupos, vontades e lugares.
11. Isso lembra que o lugar onde nos encontramos como uma massa que era chamada de povo são as estações, são os ônibus, são os vagões, são as barcas, o complexo de articulações envolvidas em vias, pontos, estações e veículos com seus fixos e seus fluxos. O que nos coloca como detentores de direitos e portadores de conhecimentos para influir na sua arquitetura, a sua engenharia, na sua operação como política pública. O que faz desse vetor “logístico”, de circulação, de velocidade, o conector mais significativo de relações espaço e tempo com maior ou menor desperdício e destruição de tempo livre na experiência individual e coletiva de acessar conectar e fazer cidade. As vias, as densidades, o conforto, a saúde, se ligam por cima pelo tema das ondas e da energia, na superfície, no solo e no subsolo pelo tema dos transportes, do resíduo sólido, e mais profundamente do saneamento ambiental. O desenvolvimento e a distribuição desigual da qualidade de serviços e equipamentos de transporte se projeta sobre todos os demais vetores de fluxos e sobre os equipamentos serviços e políticas que definem o horizonte programático da Constituição Cidadã.
12. A perversão cínica e a morbidez das instituições fazem da corrupção pela via financeira da evasão, da sonegação, são cartas marcadas de uma estrutura. Estrutura essa que deve ser pensada por uma visão crítico que trate da relação entre corrupto e corruptor. A perda de poder de setores dominantes envolvidos em crimes contra o erário público e a sua punição se tornam espetáculos vazios se a estrutura permanece. Os mensalões só existem na conexão com os “banestados”.
13. Os direitos humanos se colocam hoje na relação entre direitos civis e cidadania, na relação entre política e direito à cidade. O tema de democracia se relaciona com a ágora, com a ideia de polis. A crise de representação surge com a demanda de mais democracia direta, de mais participação e controle. A ciberpolítica e a nova esfera pública recolocam o tema da república social, no centro do debate sobre a subordinação e a nova relação do entre o local, o nacional e o global. A questão é qual glocal?
14. O tema da voz e do reconhecimento, a questão da criação e da inovação, a dimensão propositiva das forças que emergem depende de uma combinação entre coordenação das lutas e padrões de mediação. A forma e os valores, a subjetividade e a organização são fatores produtivos dos movimentos celulares da geração XXI, que se interpenetram com os muitos resíduos e dimensões da cultura de “destruição criativa” do capital e da sua manipulação pelo uso do medo e da força. As instituições reais da tortura, da criminalização e da exclusão fizeram escola na crueldade sobre as periferias, nas suas imagens de preconceitos, de egoísmo e de desejos consumistas, combinados com a morbidez americanista e os jogos de guerra travados sobre os territórios ditos periféricos. A cultura de paz depende de uma cultura de direitos e esta depende do risco de experimentar entre a força de resgatar a constituição cidadão de 1988, do cumprimento do artigo 6 como base para o conjunto das políticas, como programa plataforma ou, a bifurcação de risco entre o poder constituinte da multidão e a besta fera da barbárie.
15. O caminho do artigo 6 parece ser a melhor forma para virar a página autoritária e neoliberal, das oligarquias, da tortura e do capital-corrupção.

16. O nome do partido é mais democracia, o nome da ideologia é cultura radical de direitos, o caminho é o da vida sem catracas.

Gil Alessi, UOL SP 18/06/2013
Conselho criado por Haddad defende redução na tarifa em São Paulo
A maioria dos integrantes do Conselho da Cidade, criado pelo prefeito Fernando Haddad no início do mandato dele, defendeu a redução da tarifa do transporte público na capital paulista durante reunião extraordinária realizada nesta terça-feira (18). O encontro aconteceu na prefeitura, na região central de São Paulo. O conselho tem caráter apenas consultivo, mas entre os membros do grupo há um sentimento de que se o prefeito for contra um decisão unânime é o caso de repensar a função do comitê. A arquiteta e urbanista Raquel Rolnik criticou o poder que as concessionárias de transporte têm nas decisões. "É preciso suspender o aumento [das tarifas do transporte em São Paulo] imediatamente e rediscutir o modelo da concessão de transportes. O que os protestos nas ruas estão dizendo é 'queremos participar ativamente do processo decisório. [mais]

Blog do Leonardo Sakamoto (UOL) 18/06/2013
Protestos: Haddad perdeu uma ótima chance para baixar a tarifa
Fernando Haddad perdeu uma excelente oportunidade para revogar o aumento nas passagens dos ônibus na capital paulista na manhã desta terça (18). Praticamente todos os membros do Conselho da Cidade que se manifestaram na reunião extraordinária, convocada pelo prefeito para discutir o transporte público, defenderam a revogação imediata. E o estabelecimento de uma ampla discussão pública sobre o financiamento e a qualidade do sistema. Haddad afirmou que o aumento nos subsídios pagos às empresas de ônibus, decorrente de um congelamento na tarifa, causaria impactos em outros setores, como educação e saúde. Prometeu seguir conversando com o Movimento Passe Livre, que defendeu suas posições contra o aumento na reunião, e afirmou que vai refletir sobre o orçamento. Traduzindo: o prefeito quer dialogar mantendo a passagem a R$3,20 e os manifestantes que tomaram as ruas na noite desta segunda e os conselheiros querem a discussão, mas com uma tarifa a R$ 3,00 [mais]

João Sette Whitaker, na revista Fórum
Prefeito, abra as contas do transporte!
[...] Não são algumas centenas, mas sim milhares de jovens (as manifestações estão agregando mais de 5 mil pessoas, chegando a 10 mil há alguns dias), estudantes de vários perfis sociais, jovens que usam o transporte público, outros que usam o carro. Não é um movimento político-partidário, é um movimento cívico, o que as autoridades custam a entender e com o qual, definitivamente, não sabem lidar. Todos estes jovens estão na verdade manifestando pela necessidade de um sistema de transporte de massa, eficaz, universal, e….barato, para não dizer gratuito. O nome do movimento que deu origem à tudo, “Passe Livre”, não deixa dúvidas: mais do que um protesto contra a tarifa que aumentou, o que se quer mesmo discutir é a possibilidade de um modelo de transporte público à altura do nosso século e do novo Brasil que se delineia. Não é só em São Paulo, já começa a acontecer em outras capitais, como Porto Alegre. Não seria surpreendente se se alastrasse pelo país [mais]

Ocupar cidades é uma forma de luta muito poderosa, diz o geógrafo David Harvey
Britânico convida esquerda a usar centros urbanos para confrontar o capitalismo
Opera Mundi 1/02/2012
As cidades são uma força econômica muito poderosa. Fechar as cidades, também. Para o geógrafo marxista David Harvey, a esquerda deve aprender a usar isso como forma de luta. O pensamento é também um apelo do britânico, e acompanha sua linha de análise sobre o papel da urbanização como intervenção no sistema econômico. “Tudo parou de se mexer por três dias em Nova York depois do 11 de setembro. E de repente os poderes perceberam que se não houvesse movimento, não haveria acumulação de capital. O prefeito foi então à televisão fazer um apelo para que as pessoas fossem às ruas consumir, viver normalmente.” O ativista anti-capitalismo cita ainda as mobilizações que aconteceram na Praça Tahrir, no Egito, e o movimento Occupy, espalhado pelo mundo, como exemplos de engajamento urbano. Em visita ao Brasil, insistiu, para um público de mais de mil pessoas, que os centros urbanos são o lugar em que alguma forma de luta contra o capitalismo pode realmente funcionar [mais]